segunda-feira, 21 de maio de 2012

AFETIVIDADE NA SALA DE AULA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS  (EJA)

A educação de adultos é um tema presente na vasta obra de Paulo Freire, que se tornou um dos mais reconhecidos educadores nesta área e construiu uma pedagogia que nasce da luta pela vida. Certa vez o teórico foi questionado quanto "para que alfabetizar?", e, de forma simples e objetiva redigiu uma carta respondendo a indagação de uma alfabetizadora e entre suas palavras, ressalta: Ninguém é analfabeto porque quer, mas como consequência das condições de onde vive. Há casos, onde "o analfabeto é o homem ou a mulher que não necessita ler e escrever", em outros é a mulher ou o homem a quem foi negado o direito de ler e escrever. (FREIRE, 1986) 

Na maioria dos contextos, a relação entre professor e aluno é percebida apenas no que se refere à transmissão de conhecimentos, isto é, ao aspecto cognitivo, mas este quadro está mudando, pois é perceptível que alguns estudos passaram a atribuir relevância a questão da afetividade na aprendizagem. 

Quando pensamos no professor enquanto mediador da modalidade de ensino abordada neste trabalho, é importante ressaltar que algumas das suas atribuições são: ouvir o aluno entendê-lo, incentivá-lo a não desistir dos estudos, orientá-lo, dizer-lhe o quanto é peça fundamental no processo de aprendizagem, tirar suas dúvidas, entre outras. A influência que o professor tem na sala de aula é enorme, pois ele tem a capacidade de cativar ou não o aluno, sendo que é a partir daí que ele vai estabelecer um clima que pode favorecer ou não a aprendizagem, já que esta se dá também, a partir da construção de um bom relacionamento em sala de aula.

Nesse sentido, fica claro que além das metodologias desenvolvidas nas aulas e dos recursos utilizados, uma boa relação entre professor e aluno é essencial, pois muitas vezes este tem a escola como um "abrigo" para as dificuldades que enfrenta no dia a dia. Então, encontrar um professor aberto para conversar, que lhe transmita confiança e que, sobretudo, não tenha uma posição autoritária o incentiva a se sentir parte do processo, desenvolvendo as atividades com alegria, bom humor e segurança.

O aluno adulto já tem suas opiniões formadas e viveu inúmeras experiências na vida, as quais muitas vezes o desestimulou de continuar os estudos. Assim, apesar de não estar mais na condição de criança, ele necessita de muita atenção e carinho, pois esta relação afetuosa serve como incentivo para não desistirem de voltar a escola, conservando sua autoestima elevada e percebendo o quanto são capazes, independente da diferença de idade que há entre o professor e ele, ou até mesmo entre ele e seus colegas de classe.

A união entre professor e aluno acontece quando o diálogo estabelecido entre eles é saudável e de qualidade, assim, eles criam um laço de "amizade", que beneficia todo o processo de aquisição do saber, visto que, é óbvia a capacidade que o professor tem de conquistar a atenção do aluno e despertar seu interesse para as discussões que serão feitas na sala de aula.  Nesse sentido, é importante que o educador tenha a habilidade de "diminuir a distância" entre seu mundo e o mundo do aluno adulto, pois este necessita de um tratamento acolhedor e humanizado para que se sinta motivado e realize as atividades com boa vontade, assim, cumprir os deveres propostos deixa de ser uma "obrigação" e ele passa a perceber e, sobretudo, a acreditar que certos conhecimentos terão utilidade na sua vida, ou simplesmente, em situações do seu dia a dia.



Referência:
FREIRE, Paulo. 1986. Carta a uma alfabetizadora ? Fascículo ? Vereda ? São Paulo.

Um comentário:

  1. Vocês poderiam ter colocado a referência principal deste texto sobre afetividade, que é um artigo de minha autoria. https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-contribuicao-da-afetividade-na-aprendizagem-de-jovens-e-adultos/14626
    Edmila de Oliveira

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